nas profundezas de seu ser os fluxos da origem?
Ah. não havia precaução no adormecido; dormindo,
a sonhar, febril, como se abandonava!
Ele, o novo, o perturbado, como se enredava
nas garras vegetais do vir-a-ser interior,
como se emaranhava em primitivas estruturas,
em formas que fugiam, bestiais, crescentes
e opressivas! Como ele se entregava! Amava.
Amava seu mundo interior, caos selvagem,
bosque antiqüíssimo e adormecido, sobre cujo
silencioso despenhar verde-luz, seu coração
se erguia. Amava. Abandonado, as próprias raízes mergulhou
na origem poderosa, onde sobrevivia seu pequeno nascimento.
Desceu, amando, ao sangue mais antigo ao abismo
onde jaz o Espanto, regurgitado pelos ancestrais.
E cada sobressalto o reconhecia e acenava, conivente.
Sim, o Horror sorriu-lhe... Poucas vezes com tal ternura
[sorriste,
mãe. Como não amaria ele o que assim lhe sorria? Antes de ti
ele o amou, pois quando o trazias, estava dissolvido
na água que torna mais leve a semente.
Não amamos como as flores, depois de uma
estação; circula em nossos braços, quando amamos,
a seiva imemorial. Ó jovem, amávamos em nós,
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não um ser futuro, mas o fermento inumerável;
não uma criança, entre todas, mas os pais,
ruínas de montanhas repousando em nossas
profundezas; e o seco leito fluvial das mães
de outrora; e toda a paisagem silenciosa,
sob o destino puro ou nebuloso: —
eis aqui, jovem, o que adveio antes de ti.
E tu mesma, que sabes? Conjuraste
no amado a pré-história obscura... Que
sentimentos, em seres desaparecidos agitaste!
Que mulheres, nele, te odiaram! Que homens
sombrios em suas veias jovens despertaste!
Crianças mortas para ti se volveram...
Oh, retoma diante dele, docemente,
uma tranqüila tarefa cotidiana — dá-lhe a paz
dos jardins e o contrapeso das noites...
Retém-no...